O Menino da portagem
Eu vivo na margem sul. Ao contrário da grande maioria das pessoas que vive em Lisboa, eu adoro a margem sul.
Temos jardins, temos campo, temos rio, temos bons restaurantes, alguma animação noturna e temos praias. Ou seja, grande qualidade de vida!!!
A única coisa que nos limita mais e que nos faz desesperar (há que dizê-lo com frontalidade…) é a hora de ponta, tanto na parte de manhã, como à noite no regresso a casa.
Mas, muitas das vezes que estava pronta para matar alguém, logo pela fresquinha, podre por estar já há uma boa meia hora (pelo menos) à espera para passar a ponte, tinha a sorte de aleatóriamente calhar numa portagem que em vez dum indiferente e rápido bom dia, ou às vezes nem isso, tinha um sorriso aberto, sincero e normalmente acompanhado por um: “olá! Há quanto tempo! Já tinha tantas saudades suas!” Ao mesmo tempo que leva as mãos ao peito e entrefecha o olhar para dar mais ênfase ao sentimento.
Posso-vos dizer meus amigos que era o ponto alto do meu dia!
Acabava de passar a ponte e já na outra margem, o meu sorriso ainda estava de orelha a orelha e agora a vida é bela e eu amo você!
Não o faz só a mim. Mas a verdade, é que eu me sinto especial e que ele me toca, como a história do espantalho que simplesmente está ali, sob a chuva, o vento e o sol, de braços abertos, porque o importante é Amar!
Ele fá-lo a desconhecidos, às vezes acham que é doido. Mas não será mais doido quem passa uma vida sem dizer que gosta de alguém, que essa pessoa é importante e que tem saudades?! E ainda para mais a odiar o que faz?!
Ultimamente tenho passado muitas vezes na ponte e de cada vez, rezo para que passe na dele. Não o tenho visto, mas da proxima vez vou dizer-lhe: Olá! Já tinha TANTAS saudades suas!